Seu Solon

Eu poderia ficar horas escrevendo sobre o meu pai, a sua influência na minha personalidade, a importância do seu incentivo à minha decisão de sair de casa e no quanto é reconfortante a sensação de que ele vai me apoiar mesmo se eu fizer a maior das burradas. Mas hoje eu só queria fazer uma homenagem ao seu senso de humor, que ele não perde nem na hora das adoráveis demonstrações de carência. Eis aqui o poema que ele me deu hoje no almoço:

Minha luta (em DVD)

Comprei um DVD
O DVD estragou, consertei
O DVD reestragou, reconsertei
Entrou ladrão, levou o quê?
Não recomprei, Larissa comprou
Larissa casou, Larissa levou
Em nenhum dos casos
acionei a polícia
Comprei um DVD...

Traquinagens

Hoje trabalhei muito mais do que deveria e, quando isso acontece, me sinto no direito de me recompensar das maneiras mais sórdidas. De janta, um pacote de Doritos e dois pedaços de chocolate. A louça de ontem vai continuar na pia. Como passatempo, uma maratona TV Fama-Senhora do Destino-Big Brother.

O melhor, no entanto, está reservado para amanhã: estender uma toalha de mesa, colocar toda a roupa para passar em cima, fazer uma trouxa e largar na casa da mamãe.

Lei de Murphy

Um mês depois da mudança, o apê suplicava, implorava, rastejava por uma boa faxina. Eu até que estou bem interessada nas lides domésticas, mas Veja Limpeza Pesada já é demais. Quando finalmente consigo marcar com a Ione, a Faxineira Perfeita (barata, trabalhadeira, discreta, auogestionável e de confiança), ela me apronta essas duas:

1 - Revela que, na verdade, não tem nenhum dia livre para limpar aqui em casa e não poderá mais voltar. Me arranjou esse sábado porque a dona do sábado está de férias, mas volta em março.
2 - Limpa tudo timtim por timtim, mas demora tanto que não dá tempo nem de tocar na enorme pilha de roupa pra passar que juntamos nas últimas duas semanas.

Bodas de Flunfa

Hoje fazemos um mês de casados. Falando sobre isso com meu irmão, tentamos adivinhar qual seria o nome da "boda". Pensei em "boda de areia" e ele disse que areia era demais para apenas um mês. "Deve ser boda de sujeira de umbigo". Ok, já me faz feliz. Ainda quero comemorar todas essas:

Algodão (1º ano), Couro (2º), Trigo candial (3º), Cera (4º), Madeira (5º), Gipso (6º), Lã (7º), Papoula (8º), Faiança (9º), Estanho (10º), Coral (11º), Seda (12º), Junquilho (13º), Chumbo (14º), Cristal (15º), Safira (16º), Rosa (17º), Turquesa (18º), Cretone (19º), Porcelana (20º), Opala (21º), Bronze (22º), Berilo (23º), Cetim (24º), Prata (25º), Jade (26º), Acaju (27º), Níquel (28º), Veludo (29º), Pérola (30º), Baldana (31º), Cobre (32º), Pórfiro (33º), Âmbar (34º), Rubi (35º), Musselina (36º), Papel (37º), Mercúrio (38º), Crepe (39º), Esmeralda (40º), Ferro (41º), Madrepérola (42º), Flanela (43º), Topázio (44º), Prata dourada (45º), Lavanda (46º), Cachemira (47º), Ametista (48º), Cedro (49º), Ouro (50º), Uva (51º), Lírio (52º), Caju (53º), Milho (54º), Orquídea (55º), Violeta (56º), Jasmim (57º), Dália (58º), Açucena (59º), Diamante (60º), Castanheira (61º), Alecrim (62º), Trigo (63º), Eucalipto (64º), Jacarandá (65º), Mármore (66º), Acácia (67º), Margarida (68º), Amor (69º), Platina (70º), Zinco (71º), Aveia (72º), Manjerona (73º), Macieira (74º), Alabastro (75º), Cipestre (76º), Alfazema (77º), Benjoim (78º), Café (79º), Carvalho (80º), Cacau (81º),
Cravo (82º), Begônia (83º), Crisântemo (84º), Girassol (85º), Hortência (86º), Nogueira (87º), Pereira (88º), Figueira (89º), Álamo (90º), Pinheiro (91º), Salgueiro (92º), Imbuia (93º), Palmeira (94º), Sândalo (95º), Oliveira (96º), Abeto (97º), Pinheiro (98º), Salgueiro (99º) e Jequitibá (100º).

Obs1: Eu juro que não inventei nenhuma. Fico imaginando um monte de velhinha chutando os nomes e formando essa lista bizarra. A fonte é o Anuário do Folclore, conforme o site http://www.ifolclore.com.br.
Obs2: O que será que acontece no 37º ano de casamento, pra boda decair para papel depois de ter sido de turquesa, prata e rubi? Vou perguntar para a minha mãe.
Obs 3: Se eu quiser passar da boda de flanela, preciso começar a fazer exercício e comer bem já.

Supérfluos essenciais

Coisas que não estavam na minha lista de prioridades e fazem a maior diferença no meu dia-a-dia:

* Cafeteira tipo italiana: o café é bom e é tão fácil de fazer que dá até vergonha de ter preguiça. Não precisa de filtro e praticamente não faz sujeira. A minha é da marca Zanzibar, R$ 48 no Zaffari.

* Lençóis de malha: quando deitei neles pela primeira vez, achei que jamais conseguiria dormir em outro tipo de lençol novamente. Lógico que não tive muita opção, porque ganhei só um jogo da minha mãe e não são lá muito baratos. Macios, fofinhos e não precisa passar. Ah, e eu tenho uma neurose de não poder ouvir nada arrastando em lençol, e com eles isso não acontece. R$ 85 o jogo, numa promoção em Tramandaí.

* Omeleteira: o ovo frito eu ainda não enfrentei, mas os omeletes já salvaram vários almoços lá em casa. O que já era fácil fica uma barbada. Não lembro o preço, mas tem no Bourbon.

* Aspirador de pó: roubei do escritório da minha mãe e agora estou cobiçando um supertecnológico, que aspira sólidos e líquidos. R$ 199, o que eu quero.

* Kit de mexedor de ovo, separador de clara e gema e cortador de ovo cozido, todos com carinhas de ovos sorridentes. Dão graça a uma parte chatíssima da culinária. Uma fortuna, na Brickel.

É carnaval, é a doce ilusão

Eu só vim aqui para dizer que estou viva. É época de muito trabalho e geralmente eu deixo todo o resto da minha vida degringolar em tempos assim. Quem olhar para o meu cabelo vai ter uma noção.

Só que desta vez, quando eu saio do Terra, eu vou pra casa encontrar o meu benzinho, que hoje deixou o lar especialmente aconchegante e até roupa passou. E isso faz uma diferença inacreditável.

PS: Esse parágrafo meloso é uma homenagem ao meu amigo e ex-colega de trabalho Träsel, que hoje quase me fez chorar com seu e-mail de despedida.
PS2: As roupas estão mais macias. Obrigada a todos pelas dicas. Agora o grande desafio é passar camisas...