domingo, maio 22, 2005

Irmão, é preciso coragem

Apesar de filha de uma negociante nata com um judeu cara-de-pau, eu preciso confessar: não sei pechinchar. Comigo a pessoa faz seu preço e, se eu posso e quero comprar, compro, se não posso, não compro. Não é uma filosofia de vida, é um misto de vergonha, falta de confiança e consideração exagerada pelo vendedor. Em grandes redes varejistas eu até arrisco pedir desconto e dizer que já consegui mais barato na concorrente. Mas se é uma pessoa sozinha oferecendo um serviço ou produto, complica.

Tudo isso para introduzir mais um capítulo da novela Bete, a Faxineira. Aconteceu de ela pedir aumento na 2ª vez em que foi lá em casa. Óbvio, o salário mínimo subiu, elas sobem a faxina também. Mas para mim tinha ficado subentendido que o preço combinado (melhor: informado por ela e aceito por mim) duas semanas antes, que já superava a média, continha esse aumento. E agora, o que já era caro, mas ok, ela é tão boa, de confiança, etc, ficou proibitivo.

Duas semanas se passaram e eu não liguei para negociar. E se ela aceitar o preço menor, mas ficar de má vontade? Se ela disser "Quer quer, não quer, tem quem quer"? A idéia de ter de partir novamente atrás de uma faxineira, somada à imagem do meu banheiro depois de um mês sem limpeza decente, me dá náuseas. Amanhã ela virá e pagarei o que foi pedido. Mas estou decidida a tentar baixar o preço ou partir para outra. Que a força esteja comigo.


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Atendendo a pedidos, a Marcia fez um blog. Ela é minha mestra, jornalista e professora admirável pelo caráter, bom texto e, principalmente, humor. Promete!